domingo, 30 de agosto de 2015

ESTAMOS DE VOLTA!

E com um dos meus primeiros textos! Perfeccionista que sou, sempre que releio encontro algo que gostaria de mudar... Mas optei pelo original, para preservar o sentimento inicial e a minha sanidade também hahaha

"Há ainda por aí alguns exemplares daquelas lendárias pessoas que são felizes o tempo todo e, para vender seu estilo de vida, declaram como uma das maiores verdades do mundo que sofrimento é perda de tempo.
Discordo. Perda de tempo mesmo é ficar parado olhando as opções que a vida te dá, coçando a cabeça, sem dar um passo a frente ou atrás, esperando que desça ou suba alguém do céu ou do inferno com aquela camisa de "Posso ajudar?". Perder tempo é perder a cabeça, o rumo, confundir as coisas, dar valor demais às pessoas passageiras e não perceber que tem gente que veio pra ficar, que veio pra fazer valer, que veio só por você.
Mas sofrer... É um rito de passagem. É o momento de transição entre o sentir e o não sentir, entre o priorizar e o não se importar; é o período em que quase ateamos fogo aos móveis antes de colocá-los de volta em seus devidos lugares, ou quase arrancamos fora o coração, até subitamente lembrarmos que precisamos dele para continuar vivendo - e sentindo. É na fase de sofrimento que a gente percebe que mudanças são necessárias, que é preciso remover as plaquinhas de "reservado" para que novas pessoas possam se sentar. É quando a dor toma as rédeas que percebemos que essa, definitivamente, não é a vida que deveríamos levar; então esgotamos as lágrimas, os soluços, a auto-piedade e reaprendemos a sorrir. É como realizar uma faxina na gente, que começa de dentro pra fora.
O resultado é bom, mas o processo é extremamente doloroso: é aceitar que a realização de certos planos não depende exclusivamente de nós e ver que sim, o mundo pode ser cruel, as pessoas não se importam. É abrir mão de algo que você queria muito, porque nem todos podem ou estão dispostos a sacrificar certas coisas por isso. Em suma, sofrer é ver, por um momento, o mundo como ele é.
Os tais do felizes 24 horas não são pessoas sem dores; muito pelo contrário: são normalmente daquele tipo que achamos que só existem em dramas cinematográficos. O problema é que viram o mundo e não souberam lidar com isso. Fecharam-se. E não aprenderam a maior lição que o sofrimento pode nos passar: o mundo é feio, sim, muito. Quem é capaz de torná-lo bonito são as pessoas... se olha-se somente para aquelas que também são "feias", acaba-se por preferir mesmo fechar os olhos. Mas se você se permitir olhar em volta e um pouco mais, vai descobrir que há certos sorrisos, rostos e pessoas pelos quais vale a pena viver e morrer olhando fixamente, sem perder tempo piscando."



2 comentários:

  1. Natália, amo seu textos!! Esse sem dúvidas é lindo.
    Gosto muito dos seus textos e gostaria de fazer uma proposta de ter uma coluna no meu blog, onde você pode publicar seus textos nele.
    Caso tenha interesse envie um e-mail para mim: Euemeuviciochamadoleitura@gmail.com
    Beijos Linda!!
    Eu e meu vício chamado Leitura

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